Brincar é coisa séria.

Sabe-se que “todas” as crianças gostam de brincar, mas nem sempre damos tanta atenção a isso. Quem tem filhos, parentes que são crianças ou trabalha com esta clientela, necessita observá-la melhor.

Brincar é o trabalho da criança. Quando esta não brinca, não se interessa por brinquedos, deve-se estimulá-la, ensiná-la a brincar e ter brinquedos em casa ou no local que a mesma frequenta, como creches, internação em hospitais, etc. Os brinquedos não necessitam ser os mais modernos e caros. Qualquer brinquedo estimula uma criança, seja sonoro, pedagógico, de faz-de-conta, entre outros.

A atividade lúdica é a principal da infância, pois começa antes mesmo de sua entrada na escola. Através da interação lúdica a criança assimila a realidade a que está submetida, compartilha e exterioriza sentimentos e emoções, estabelece laços e vínculos, desenvolve a consciência de si e do meio social, estimula a atenção, o raciocínio, a coordenação dos membros e do próprio corpo. Garantir o direito de brincar é garantir que a criança dê continuidade ao seu pleno desenvolvimento. É possibilitar a manutenção da saúde física e psíquica.

No início do desenvolvimento infantil, o adulto funciona como um mediador (facilitador) entre a criança e o mundo. Através das relações afetivas estabelecidas entre eles, a criança exercita suas funções sensoriais primitivas, precursoras do desenvolvimento das atividades motoras e do surgimento da linguagem. Desse modo, pode-se dizer que o desenvolvimento da criança se estabelece graças à relação com o mundo social, através das atividades práticas na relação com o mundo dos objetos materiais mediado pelo adulto.

O primeiro brinquedo da criança é o rosto da mãe. Depois ela descobre o próprio corpo e brinca com ele (mãos, pés). A partir daí se interessa por objetos, quer manuseá-los e brincar com os mesmos. E pode acreditar: ela necessita passar por todas as fases do brincar para poder ser um adulto mais satisfeito, com inteligência mais prática e saber lidar melhor com as emoções.

De acordo com VYGOTSKY (1989), a influência do brinquedo no desenvolvimento da criança é um fator fundamental, embora a aprendizagem não surja diretamente dele e seja determinada por todo o desenvolvimento anterior da criança, as maiores aquisições desta são conseguidas no brinquedo.

É importante que a criança frequente a escola não apenas na primeira série ou na fase pré-escolar, mas desde o jardim/maternal, para poder ter contato com outras crianças, sociabilização e aprendizagens pedagógicas (não a leitura, mas os pré-requisitos para a mesma).

As crianças que permanecem brincando com um tipo de brinquedo ou objeto por muito tempo (como as que só ficam no computador), devem ser orientadas a mudar e ter interesse por outras coisas, pois tudo tem um limite, e assim deixa de ser benéfico. É importante brincar com jogos, em espaços físicos (esconde-esconde, bola queimada - brincadeiras que hoje em dia é rara a criança que sabe brincar, infelizmente), fazer esporte, entre outros.

Brincar não é quebrar os brinquedos ou ficar jogando-os somente. É dar função ao brinquedo, encaixar se for de encaixe, jogar se for bola, bater/martelar se for pinos. Exceto quando a criança brinca de faz-de-conta e faz uma caneta virar um avião, uma caixa virar uma panela para ela cozinhar, etc. Isso é totalmente saudável e faz parte do desenvolvimento normal da mesma.

Portanto, é de extrema importância que a criança brinque. E quando isso não ocorre há a necessidade de uma avaliação de um profissional que irá averiguar um possível atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, transtornos mentais ou apenas falta de estímulo.

Quando notar algo diferente na criança ou tiver alguma dúvida, o terapeuta ocupacional avalia e trata a mesma, e orienta seus familiares a auxiliá-la e estimulá-la da melhor forma possível, para poder se desenvolver e não apresentar dificuldades ou problemas futuros.

Fonte: texto escrito pela autora para o jornal Saúde em Dia.


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